segunda-feira, 27 de abril de 2009

Espera

Que aconteceu
que me deixou assim,
caminhando ao léu,
olhando só para o fim?

Aguardo a luz do Sol
afastar o frio da capital.
Espero o calor, a alma.

Onde estará? Quando voltará?
Fugiste de mim, chama da vida.
Escondeu-se e fica a me espiar,
a zombar de meu destempero.

Ah, o desconcerto!
Matizes opostos, desarranjados,
Ajuntados pelo capricho do acaso.
Porém separados, para lembrar
a cada um seu distinto lugar.

Eco




Grito para a multidão,
Desterro as palavras para todos.
Passos rápidos, velozes,
Soturnos olhares voltados pro chão.

Mais alto, elevo a voz,
Silêncio...
O funesto nada das vozes embaralhadas,
Misturadas, em torpor.

Uma voz responde: “aqui!”
Aqui! Aqui!
Escuto o que não foi dito.
Percebo em mim as únicas palavras coerentes.

Aqui! Aqui!
Não adianta procurar.
O eco não acolhe. Apenas responde.
Responde e comanda:
Olhe para ti, desesperado.
E descubra sua verdadeira companhia.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Fidelidade

O que significa fidelidade?
Será um vínculo incondicional?

Uma mentira convencionada?

Talvez sejamos todos infiéis.


Quem nunca traiu nem mesmo a si mesmo?
Titubeou frente a um impasse;

Se omitiu quando deveria ter agido.


Fidelidade...
Por que motivo confiamos?
Depositamos nos outros expectativas?

Devo reagir quando elas são frustradas

ou apenas aceitar que eram apenas desejos próprios,
não correspondidos?

Resta ser fiel a si mesmo,

mas não sem percalços.

A traição contra si não é perdoada...

É remoída pela mente, repisada.

Resta saber como superar
este ato final de infidelidade.