terça-feira, 27 de outubro de 2009

E o futuro

Acontecimentos recentes me têm feito pensar no futuro.
A filosofia da auto-ajuda determina que nos concentremos no presente, mas o presente parece insípido, inodoro, sem-graça... pelego, pra usar a palavra do vocabulário recém-incorporado.
Vejo o mundo continuando a rodar, pessoas falando e proclamando a mudança, mas permenecendo, internamente, as mesmas, mas não as julgo. Julgo a mim mesmo. E eu, qual o meu papel nisso?
A vida pessoal é um caos, o que sempre fez com que o direcionamento de minhas ações, e a maior parte de meus pequenos sucessos se desse em esferas como o estudo, a dedicação a causas externas, a minha afirmação como pessoa para o mundo, para o outro.
Parece morto, entretanto, a pessoa para si, o ser para si mesmo. Por que motivo me percebo incapaz de me colocar à parte da realidade em que vivo, em que me formei? Não consigo abandonar família, amigos, me colocar a caminhar pelo mundo... buscar o mar que tanto admiro?
Que vínculo é esse que, invisível, me liga, me prende tanto aos outros e me faz deles tão dependente.
A angústia que me gera essa situação leva à conclusão de que algo está errado, mas falta o peso e a autoridade pessoal de me afirmar como ser independente, livre, desamarrado.
Será apenas o medo da reação dos outros? Medo da morte, não tenho. Já caminhei por linhas mais tênues por não temer a chegada do último dia. Que medo é esse que leva à completa inação?
Não tenho desejos por fortunas - sei que não satisfazem o vazio que sinto. Será correto então seguir o caminho que venho seguindo? Seguir as trilhas traçadas pelos que me antecederam? E, por fim, será um ato responsável essa tentativa de emancipação, de me jogar ao mundo, desconsiderando passado e presente?
Parece que passo por uma adolescência tardia...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Espera

Que aconteceu
que me deixou assim,
caminhando ao léu,
olhando só para o fim?

Aguardo a luz do Sol
afastar o frio da capital.
Espero o calor, a alma.

Onde estará? Quando voltará?
Fugiste de mim, chama da vida.
Escondeu-se e fica a me espiar,
a zombar de meu destempero.

Ah, o desconcerto!
Matizes opostos, desarranjados,
Ajuntados pelo capricho do acaso.
Porém separados, para lembrar
a cada um seu distinto lugar.

Eco




Grito para a multidão,
Desterro as palavras para todos.
Passos rápidos, velozes,
Soturnos olhares voltados pro chão.

Mais alto, elevo a voz,
Silêncio...
O funesto nada das vozes embaralhadas,
Misturadas, em torpor.

Uma voz responde: “aqui!”
Aqui! Aqui!
Escuto o que não foi dito.
Percebo em mim as únicas palavras coerentes.

Aqui! Aqui!
Não adianta procurar.
O eco não acolhe. Apenas responde.
Responde e comanda:
Olhe para ti, desesperado.
E descubra sua verdadeira companhia.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Fidelidade

O que significa fidelidade?
Será um vínculo incondicional?

Uma mentira convencionada?

Talvez sejamos todos infiéis.


Quem nunca traiu nem mesmo a si mesmo?
Titubeou frente a um impasse;

Se omitiu quando deveria ter agido.


Fidelidade...
Por que motivo confiamos?
Depositamos nos outros expectativas?

Devo reagir quando elas são frustradas

ou apenas aceitar que eram apenas desejos próprios,
não correspondidos?

Resta ser fiel a si mesmo,

mas não sem percalços.

A traição contra si não é perdoada...

É remoída pela mente, repisada.

Resta saber como superar
este ato final de infidelidade.

domingo, 18 de maio de 2008

Fim



De uma sucessão de escolhas

buscamos nossos projetos

Inalcançáveis, intangíveis

De repente, defronte aos dejetos dessas escolhas,

Lamentamos nossa situação.

Nada mais carregamos que as opções que já tomamos.

E os projetos ainda ao longe.

E o Ser, sozinho, sendo sem sê-lo.

É chegado o Fim. Nada mais que uma escolha.

domingo, 9 de dezembro de 2007

TOTIPOTENTE

Prenúncio de existência:
Sempre reluzente, ofuscante.
Nuvens negras ao longe.
Opções desesperadas de um irresponsável,
Nada mais.

E o que era tudo
Nada foi:
Fosco, tosco, apagado.
Destino de uma experiência caótica.
Não se cumpriu.

Resta abraçar a escuridão,
Escolher a derradeira sombra.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Blame

A insônia, mais uma vez, se torna rotina.
Que fazer agora, que o futuro brilhante se desvelou num passado de frustração?
Será tarde demais?
Pagamos um preço por desprezar os efeitos do tempo.
Um dia, cedo ou tarde, assumimos nossa responsabilidade.
Não adianta mais culpar o desconcerto do mundo.
Será tarde demais?
Enganamos a nós mesmos. Nós é que somos injustos com o mundo.